quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Schopenhauer Educador

inscrição Situacionista

"Todos sabemos, em certos momentos, que os maiores trabalhos de nossa vida não foram realizados senão para nos desviarmos de nossa tarefa real e que gostaríamos de poder esconder a cabeça num recanto qualquer, onde nossa consciência de cem olhos não pudesse nos descobrir; sabemos que concedemos muito cedo nosso coração ao Estado, ao lucro, à vida mundana ou à ciência, a fim de não mais possuí-lo; sabemos que nos sujeitamos a um duro trabalho diário com mais ardor e irreflexão do que a vida exige, porque nos parece necessário, antes de tudo, não ter consciência de nada. A pressa é geral, porque todos querem escapar de si mesmos, é geral também nossa maneira temerosa de disfarçar essa pressa porque queremos parecer satisfeitos e porque gostaríamos de enganar a respeito de nossa miséria observadores mais perspicazes; geral ainda a necessidade de ornar a vida com novos [sic] explosões verbais, a fim de cercá-la com a confusão barulhenta de um parque de diversões. Todos conhecem esse estranho estado no qual afluem subitamente lembranças desagradáveis que nos esforçamos em expulsar de nosso espírito por meio de uma gesticulação violenta e gritos, mas os gestos e os gritos da vida universal deixam pressentir que nos encontramos todos e constantemente nesse estado, com medo de nos relembrar e de entrar em nós mesmos. O que é, portanto, que nos importuna tão frequentemente? Qual é o mosquito que não nos deixa dormir? Vivemos num mundo assombrado, cada instante da vida tem algo a nos dizer, mas nos recusamos a escutar essas vozes irreais. Na solidão e no silêncio, temos medo que um cochicho fira nossos ouvidos, por isso odiamos o silêncio e procuramos nos aturdir por meio da vida em sociedade."

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F.W. Nietzsche [1844-1900]
In: "Schopenhauer Educador"; trad. Antonio Carlos Braga e Ciro Moranza; São Paulo: Editora Escala, s/d; pp. 62-63

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Contrastes


"La Grande Jatte"; 
Paris, 1884, pintura de Georges Seurat
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Dependentes de crack ocupam parque após operação do poder público na cracolândia; 
São Paulo, Brasil, 2012; 
fotografia de Márcio Fernandes/Agência Estado

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foto-montagem 
LUGAR SOCIAL / Raul Motta 

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